quarta-feira, 23 de junho de 2010

 Acordar com essa chuvinha assim que levanta o calor do asfalto como se dissesse vim beijar esse dia morno e torná-lo mais bonito, faz um bem. Parece que você acorda disposto pro mundo de um jeito diferente daquele tradicional que é o seu... 

Eu não ando de muitas "escritas" ultimamente. Tem um monte de coisas que eu quero dizer mas eu travo. É que a escrita parece que cristaliza as coisas e alguns pensamentos são tão efêmeros que no minuto que termino de escrevê-los eles não são mais meus... 

Esse texto não tem tema ou direção, ou nada nada pra dizer. Hoje eu acordei só metade um verso e metade uma canção

Sabe aqueles dias em que você acorda gostoso ao meio dia, de meias e blusão, debaixo de um edredom quentinho, com aquele jeito de quem vai passar o dia na cama e não deve satisfação a ninguém? Você levanta, se espreguiça, caminha, se olha no espelho da pia, desiste de lavar o rosto porque está frio, fica na dúvida se vai pra cozinha ou se morre de fome, senta sem rumo na sala, fita não se sabe o quê, pensa não se sabe em quê, num estado de imersão dominical contemplativa. Levanta, senta, liga a Tv. Desliga, deita, pensa no parque. Senta. Abre a persiana pra ver se tem sol. Deita. O dia está bom de dormir. Tem certeza de que nunca mais na vida toma uísque sem ter jantado antes. Pensa se ainda tem suco de maracuja na cozinha. Vai pra casa da mãe? Deita. O sol aparece pela fresta lá fora. Por que não foi ontem até o supermercado, idiota? Tem vontade de comer cereal. Caminha até o quarto, liga o computador. Sabe que palavras umas vez ditas não voltam atrás. Pega o telefone. Não liga. Será que essa hora já tem tele-pizza? Desiste. Deita. Lembra do texto não escrito. Da foto. Tira as meias. Espirra. Sorri sozinho de besta. Liga pra mãe e avisa que vai. Em vão. Redisca. Deixa recado, é melhor. Xinga o copo de liquidificador sujo na pia. Prefere esvanecer. Senta na cadeira laranja. Digita. Será que pede comida chinesa? Sente dor de cabeça. E de alma. Lembra da agenda ridícula. Abre o blog e começa a digitar sem sentido. Por quê? Para quê? Com que objetivo? Lembra que leu essa semana que escrever é escrever. Riu na hora. Inter-textos. Até eles ou principalmente eles se modificam. Decide parar de racionalizar. Decide aceitar as coisas como são e continuar o seu dia de bem. Cozinhar? Sair pra comer? Andar sem rumo sorrindo na rua? O que vem pela frente? Não sabe. Simplesmente não sabe. Mas é nisso que percebe a graça em viver.

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