"A tua solidão é tão
vasta quanto a minha. Confessa.
Tuas noites são povoadas por saudades.
E memórias.
Tu também olhas pela janela
nas altas madrugadas
desejando um amor. Em segredo.
Tu também te perdes, caminhos errados,
pessoas estranhas –
o santo não bate, lembra?
Ninguém desconfia das tuas angústias.
Nem mesmo eu.
E então, com meia dúzia de
palavras bonitas, mas difíceis,
tu te desnudas. Sem querer?
Não te imagino intencional.
És um aviãozinho de papel a vagar
pelos ventos sem rumo.
Engana-te se achas que é
possível ser terrivelmente
feliz nestes esconderijos.
Abre-te para os encantos.
É lá que moram os olhares encontrados,
a pele arrepiada,o pé que encosta
a pele arrepiada,o pé que encosta
no outro sem aviso. As mãos dadas.
Tu me encantas. Longe, perto, sem saber...
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