Porque eu ouvi aquela música e nem sei. Senti falta de algo que ainda nem aconteceu e nem conheço. Porque ontem fez um ano que tomei uma decisão que mudou pra sempre a minha vida. Porque a gente sempre acredita que são as grandes decisões que transformam tudo, mas descobre bem depois q são as pequenas.
Nem foi o fato de ter ido, mas os caminhos percorridos. Porque as primeiras impressões enganam tanto... Porque você decide, age e erra, depois pragueja forte, inconstante, mas celebra em textos o seu erro. Porque muitas e muitas vezes quando você acha que Deus negava seu desejo, na verdade o que ele fazia era abrir outro universo. Porque num dia comum e sem graça às vezes pousa no seu colo uma sensação de benção que te envolve como um beijo. Porque me lembro daquela carta da Clarice. Que era para a princesa outra, mas que senti quase pra mim. Tateando no escuro. Por todos aqueles dias. Abandonada. Perto do selvagem coração da vida. E é como se numa manhã comum, meses depois, eu acordasse abençoado por uma maturidade que vem não sei de onde e que me mostra que o futuro está aqui. E que não dá pra ficar à espera de que coisas incríveis aconteçam, sem que você mesma aconteça. Porque eu li que perguntaram pra Dercy por que ela tinha tanta energia e ela respondeu que era porque não guardava mágoas. Porque eu realmente acredito que se você é uma pessoa boa, faz a sua parte e vibra energia boa o universo devolve de algum jeito...Porque cada novo dia é uma oportunidade de recomeço. Porque... Eu não sei o que o futuro guarda pra mim. Mas sei que boa parte do que ele me trouxer depende mesmo é de mim.

Você precisa saber que já é uma escritor. Mas nem ligue, faça de conta que nem é. Eu lhe desejo que você seja conhecido e admirado só por um grupo delicado embora grande de pessoas espalhadas pelo mundo. Desejo-lhe que nunca atinja a cruel popularidade porque esta é ruim e invade a intimidade sagrada do coração da gente. Escreva sobre ovo que dá certo. Dá certo também escrever sobre estrela. E sobre a quentura que os bichos dão a gente. Cerque-se da proteção divina e humana, tenha sempre pai e mãe - escreva o que quiser sem ligar para ninguém. Você me entendeu?

Eu tenho o costume estranho de abrir aleatoriamente páginas de livros, como se encontrasse/procurasse afortunadamente uma mensagem que fosse destinada a mim. E cada vez que eu escrevo um texto novo e ele me dói bem lá dentro, eu penso nela. Porque se ela conseguia viver com toda aquela intensidade dentro dela, eu que só rabisco confuso preciso aprender a lidar com meus processos. Me sinto estranho e bobo, porque escrevo textos estranhos e bobos. Mas sei que são parte de mim... Me sinto menos só.