quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

E foi aquela música que de repente me transportou pra dois mil e alguma coisa, numa saudade. Saudade da minha paixão idealizada, mas saudade do Everton incrível que aquilo tudo despertava. Acho que no fundo a gente gosta das pessoas, mas acho que gosta também da narrativa da gente que aparece quando a gente vivencia as relações. Se eu sofria? Claro. De onde vcs acham q vem todo esse discurso de "vai lá e paga pra ver"? Eu passei mais de um ano da minha vida adiando o tal do "paga pra ver". Porque adorava a fantasia e cada música nova, cada conversa nova, cada palavra nova me movia. A mulher perfeita da minha fantasia não teria muitas das atitudes que ela teve, mas eu nem conseguia perceber na época? Só suspirava e achava tudo lindo.
 
Se eu hoje viveria aquilo tudo? A maturidade vai trazendo uma perspectiva que, de tão lúcida, é por demais sufocante às vezes. Hoje aquele menino terminaria a paixão sozinho e no segundo ato. E perderia uma das melhores histórias que já viveu na vida. O que me faz pensar se não fiquei exigente demais, chato demais, rabugento demais. E é por isso que, por mais ariano que eu seja, não existe platonismo aos 19. Mesmo que a minha vontade me apaixonar fosse mesmo por toda a paixão, a moça perfeita da minha fantasia jamais faria uma piada tão preconceituosa e imbecil feito aquela. Eu sei que eu também não sou o moço perfeito, mas sigo cobrando perfeições. Acho que de alguma forma nessa minha cabeça maluca, isso ainda me salva. Porque ninguém consegue competir com um ser perfeito e idealizado... nem o próprio ser que gerou a idealização né?

♪ ♫ Tenho tudo nas mãos, mas não tenho nada.
Então melhor ter nada e lutar pelo que eu quiser... ♪ ♫


É. Não é hora pra chorar. O tempo passou e veio com ele o amadurecimento de que não existe amor de verdade se ele não for cravado nas limitações e nos defeitos do outro. Mas é que isso é tão sem graça às vezes. Esse meu romantismo às vezes me mata. Eu acho que fui eu que muitas e muitas vezes inventei o amor em mim. Por que a gente sempre vai enxergar o que quiser enxergar se estiver com vontade né? É que uma amiga ontem disse uma coisa incrível, que na hora fez todo o sentido. E era racional, e era iluminado, e era.... Mas é q negava tanta coisa que eu queria que eu fiquei sem vontade de fazer qualquer sentido. Então eu decidi esquecer. Porque na nossa fantasia às vezes é tudo tão mais bonito... Talvez só não mais bonito que em filmes de hollywood. E era estranho, porque ela sentia, mas não se sentia autorizada, meio como se não pudesse, ou quisesse, e fugisse.... Quantas vezes nos pegamos sentindo algo que nem conseguimos explicar? Quanto disso é real, quanto a gente mesmo vai lá e inventa? Quanto se precisa pra saber que qualquer consequência significaria tão pouco? Ela estava confusa, era confusa. Ficava insistentemente se lembrando daquela coisa freudiana de que as pessoas reproduzem sempre as mesmas relações e seus padrões, tentando consertar erros antigos. Mas seus conselhos não valiam coisa alguma quando se tratava de si. Mas é que às vezes o que a gente precisa ouvir vem mesmo assim no meio de uma conversa despretensiosa, no meio de uma frase comum que retira a gente do eixo e da lógica e que, no meio do cotidiano de todo dia, ajuda a gente a se sentir mais amado e mais perto de Deus. Era ilógico. Não fazia sentido. Devia ser coisa dela. Mas então se lembrava ... fugir desses momentos através da lógica é transformar a vida em estatística.
 
Mas ela fugia. Ela escondia. Ela negava. Ela mentia.
E se sentia mais leve...

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