terça-feira, 27 de julho de 2010

E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir e foi triste.Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim. Uma separação às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação. Creio que será permitido guardar uma leve tristeza e também uma lembrança boa que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades, nem será odioso dizer q a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, de sossego, um indefinível remorso e um recôndito despeito.E que houve momentos perfeitos q passaram mas n se perderam porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas q essa solidão ficou menos infeliz. Que importa q uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho? Talvez n mereçamos imaginar q haverá outros verões, se eles vierem nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras, com flores e cantos. O inverno não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos. Ah, talvez valesse a pena dizer q houve um telefonema q n pôde haver entretanto é possível q n adiantasse nada. Para q explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo tão penoso. Lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo"

Nenhum comentário:

Postar um comentário