Eu acho que a gente sempre, todas as vezes, deve dizer exatamente e com clareza a verdade nos relacionamentos. EM QUALQUER RELACIONAMENTO. Sério. Qual é o sentido de não dizer o que você pensa e o que você quer para tentar "conquistar" uma pessoa que no fim das contas pode nem querer as mesmas coisas que você??!

As mulheres às vezes tem um talento especial para serem imbecis. Está na hora de acordar. Você quer ser mãe? Diga a ele. Ele não suporta crianças? Que ótimo. Você quer namorar? Não seja tonta o suficiente para dizer no primeiro encontro que você está a fim é de curtir só porque você acha que se disser a verdade talvez ele "fuja". Hello???!! Se ele fugir, ótimo! Você se livrou de um idiota.  Ando cansado de ver pessoas reclamando que não é levado a sério, mas no primeiro encontro com o cara sai vestida como puta e faz piadinhas do estilo "tá afim de romance, compra um livro! hehehe"; depois passa a semana deprimida do lado do telefone esperando o carinha ligar, porque "o sexo foi bom, né?", sem nem conhecer suficientemente o cara para descobrir se estaria interessada nele de verdade, não fosse o fato dele ter desaparecido. ACORDEM. Não, ele não vai ligar. E se ligar vai ser por sexo de novo, PORQUE FOI VOCÊ QUE DISSE EXPLICITAMENTE A ELE QUE ERA SÓ ISSO QUE VOCÊ QUERIA, mesmo que nunca tenha usado palavra nenhuma.  Digam a verdade. Digam o que vocês querem, sem medo. Você quer um namorado? Você quer um parceiro? Um companheiro? Uma família? Se ele achar que ouvir isso é sinônimo de ouvir "quero isso com você sem nem te conhecer direito", (1) ou ele acha que você é retardada, (2) ou ele tem deficiência cognitiva, precisa se tratar e obviamente não te merecia! É triste estar em planeta em que NINGUÈM te interessa. Desalentador, inclusive. Mas não tenho medo de dizer, ei.... você que eu ainda não sei quem é, não sei que cara tem, ou que idade, ou onde mora.... eu estou esperando por você. Pra dividir a vida, sabe? E os filmes, e os discos, e as histórias da minha vida...

Minha namorada imaginária tem mais ou menos a mesma idade que eu, fuma, gosta de filosofia, não tem história mal-resolvida com ninguém, gosta de cinema, domingo fora, passeio no parque, e é absolutamente encantada pela beleza das coisas pequenas.... um cheiro, um beijo, um carinho, um jasmim. Sem motivos. A gente tem um cachorroo, planos compartilhados de visitar outros lugares e passar férias longas em um país estrangeiro. Desses bem esquisito. A gente se entende pelo olho, pele, saliva, coração. Nosso tesão começa é na alma. Só que explode. Minha namorada imaginária tem o sorriso mais bonito do planeta terra. E quando sorri de cantinho eu finjo que fico bravo mas na verdade eu acho lindo. E ela me abraça de um jeito que me faz sentir mais perto de Deus. E a gente se encontra naquele intervalo entre as coisas que são ditas e as coisas que as palavras não alcançam... e se transubstancia... em galáxias, cores, cometas, estrelas, incandescências... tudo ao mesmo tempo.... (imanências). Minha namorada imaginária, às vezes vai comprar pão quentinho de manhã bem cedo, mas às vezes fica na cama ronronando feito uma gatinha, cheio de manha, até tarde enquanto pede mais um dengo emburrado. E a gente se embola num aconchego gostoso de quem esqueceu que segunda é dia de trabalho... e as histórias de domingo estampam sorrisos mudos que nos escorrem pelos olhos. E a gente chora sem lágrimas. E se sente meio como numa história de cinema. Minha namorada imaginária apóia meus sonhos, mesmo que não concorde com eles. É uma pessoa que admiro muito mais do que consigo expressar com palavras. Tem manias tão irritantes quanto lindas que nos rendem as mais inusitadas histórias. E me entende quando eu não consigo. Porque ninguém consegue às vezes. Com minha namorada imaginária cada dia é um mergulho. E eu não preciso ter medo, porque nosso desejo é enternecer nosso universo. De um jeito que a gente não entende, mas que vibra e de repente faz tudo parecer que tem sentido. E a gente entende, que encontramos leveza nas emoções que nos transbordaram porque estávamos prontos.... e escrevemos um dicionário de palavras distraídas. Adentramos no corpo de um poema recente, ainda disforme e falamos de amor usando a metáfora mais inocente... E então agradecemos profundamente por esta outra pessoa inteira, que jamais será uma metade e que, para a soma, com todas as alternativas que teve, preferiu seguir ... "ti a mim, me a ti, e tanto"...

Quando? Onde? Quem? Eu não sei. Mas talvez, como numa metáfora de cinema, o mais importante seja mesmo a jornada e não a meta.... Um dia a gente se encontra e ela me reconhece.