quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Então naquele seriado que eu adoro havia uma discussão sobre riscos… e a conclusão (e a vontade que ela ensejava) era a de que sem se arriscar não se vive. Dei de ombros: “eu vivo me arriscando”, pensei eu. Mas acho que foi só pra me contradizer na sequência. Arriscar-se tem a ver com desafio. Inovação. Correr o risco do perigo real e iminente e ainda assim… ir. Tomar atitudes que se sabe são muito mais para afastar as pessoas antes que elas se afastem por conta própria, ah… isso nunca passou foi de uma grande covardia. Eu tenho essas narrativas, sabe? Narrativas de eu-sou-foda. Primeiro porque eu acho que eu sou mesmo (risos), segundo porque elas facilitam o meu processo confortável de continuar sendo exatamente da forma como sempre fui, sem ameaçar a minha inerente e inescapável vontade de segurança. Sozinho, nunca houve rejeição. Então acho que testo minhas parceiras amorosos. Constantemente. Rotulo, classifico, desafio, excomungo. E nem acho que seja erro quando faço isso porque no fundo talvez eu esteja procurando alguém que seja mind-blowing o suficiente para permanecer… Para me fazer mudar de ideia. Para comprometer.

“Quero que você se arrisque, veja no que vai dar.” Frase do episódio de hoje. “Eu vivo me arriscando”, pensei eu. Eu vivo me arriscando… por escrito? Acho que só me arrisco verdadeiramente quando na literatura. Se você avaliar a sua vida e começar a analisar suas últimas desventuras amorosas, provavelmente vai descobrir que você vem repetindo o mesmo padrão. Freud até explica isso. Nós tentamos recriar o padrão que conhecemos e no qual conseguimos predizer algo, no qual já “sabemos” como nos comportar. Acho que crio paixões fantasiosas e irreais para me convencer de que me arrisco... É fácil supostamente ousar em situações em que o resultado pela ousadia não te desafia... já que, não, nunca virá. [Esses dias me dei conta que, há alguns anos, vivendo a fantasia platônica com a mocinha impossível, eu deixei de mergulhar em uma das histórias mais bacanas que eu já vivi na minha vida. Eu suspirava por a mulher que eu achava perfeita e... rotulei de forma errada a outra história. A de verdade. A que eu vivia. Ela foi incrível tantas vezes e em tantas esferas diferentes que acho que no fundo eu não podia acreditar que gostasse de mim de verdade. Ela chorava e eu não acreditava. "Quando foi que aquela mulher linda, em tantas dimensões possíveis, havia começado a me considerar mais do que alguém com quem ela de vez em quando ficava?", me perguntei na ocasião e ainda. Porque era assim que eu a havia rotulado. Apesar das madrugadas regadas a conversa boa e sexo enlouquecedor. Na vida real e cotidiana, estou acostumado a um padrão maluco em que sou absolutamente atraído para histórias em que haja a possibilidade do meu controle. Ou fujo. Talvez bem daqui a pouco eu descubra o que eu realmente queira e comece a agir mais no mundo da vida em vez de confabular no mundo das palavras... Talvez ponha os pés no chão de verdade. Talvez eu viva. Talvez. Talvez publicar minha vida no blog também seja sim uma poderosa defesa estilo... não-se-interesse-por-mim-sou-complicado-e-se-você-me-interessar-eu-não-vou-saber-o-que-fazer-com-você. Não sem repetir o padrão. Não sem repetir o padrão... Eu não sei.  .. Eu quero. Mas ainda não sei como.
Não sei.

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