É estranho não ser mais um menino e sim um homem. É estranho carregar nas costas todo o peso e toda a responsabilidade de toda e qualquer coisa que fizer. E já vivi tanta coisa na minha vida que quando lembro me emociono e me identifico como se fosse com um personagem desses de filme de cinema que a gente observa de longe. Algumas coisas eu lembro e admiro. Como se aquela criança lá de trás tivesse tido uma força que hoje muitas vezes nem vejo em mim. E quando eu tenho vontade de começar a ficar triste por qualquer coisa boba, eu meio que penso... "mas não foi você que viveu sozinho e superou aquilo tudo lá atrás?" É como se aquela criança me roubasse o direito de ser fraco. Lembro dos anos que passaram, da vida de estudante, das brigas compradas pelos direitos das pessoas, e pelos meus... da paixão ensandecida por aquela a quem hoje acho q nunca cheguei a amar... das redescobertas, das experiências, dos temperamentos, do receio... das madrugadas com cheiro de viagem, das gargalhadas, das discussões, da decisão. Das brigas em nomes de tantos, da decepção, da dor, do renascimento... dos medos de relacionamentos... do início do estabelecimento de padrões de defesa e proteção... da explosão. Da loucura. Se eu pudesse fazer tudo diferente, eu não tenho dúvidas... faria tudo igual. Esse homem que eu sou hoje é a soma de todas as decisões que eu já tomei na vida, as boas e as ruins, e esse homem eu super aprendi a admirar. E hoje esse narrador que escreve vem dizer exatamente... é isso aí, Everton. Você tem se saído bem... Perfeição não existe mesmo. Que nos outros 364 dias do ano, você consiga se perdoar por cada bobagem, cada desvairio, cada falha. Que consiga aceitar que ser muitas vezes um ser limitado e precário, não rouba de você a capacidade de ser um ser humano decente e incrível.
É isso... vê se entende.
Porque às vezes eu tenho certeza que quase nunca entendo. E me cobro coisas que... me ocultam mesmo é de mim... e me lembra que fragilidade também pode ser força...
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