Eu já passei da idade de ter um tipo físico de uma mulher ideal para eu me relacionar. Antes, só se fosse estranha (bem estranha). Tivesse um figurino perturbada. Gostasse de musica romântica mais que tudo, mas confesso que muita coisa mudou. É, não tem jeito. Relacionamento a gente constrói. Dia após dia. Dosando paciência, silêncios e longas conversas. Engraçado que quando a gente pára de acreditar em “amor da vida”, um amor pra vida da gente aparece. Sem o glamour da alma gêmea. Sem as promessas de ser pra sempre. Sem borboletas no estômago. Sem noites de insônia. É uma coisa simples do tipo: você conhece a mulher. Começa, aos poucos, a admirá-la. A achá-la foda. E, quando vê, você tá fazendo coraçãozinho com a mão igual a um pangaré. (E escrevendo textos no blog para que ela entenda uma coisa: dessa vez, meu caro, é diferente). Adeus expectativas irreais, adeus sonhos de adolescente. Ela vai esquecer todo mês o aniversário de namoro, mas vai se lembrar sempre que você gosta do seu pão-de-sal bem branco (e com muito queijo). Ela não vai fazer declarações românticas e jantares à luz de vela, mas vai saber que você está te perdoando docemente de qualquer frase dita com mais rispidez. Ah, gente, sei lá. Descobri que gosto mesmo é do tal amor. DA PAIXÃO, NÃO. Depois de anos escrevendo sobre querer alguém que me tire o chão, que me roube o ar, venho humildemente me retificar. EU QUERO ALGUÉM QUE DIVIDA O CHÃO COMIGO. QUERO ALGUÉM QUE ME TRAGA FÔLEGO. Entenderam? Quero dormir abraçado sem susto. Quero acordar e ver que (aconteça o que acontecer), tudo vai estar em seu lugar. Sem ansiedades. Sem montanhas-russas. Antes eu achava que, se não tivesse paixão, eu iria parar de escrever, minha inspiração iria acabar e meus futuros livros iriam pra seção B da auto-ajuda, com um monte de margaridinhas na capa. Mas, caramba! Descobri que não é nada disso. Não existe nada mais contestador do que amar uma pessoa só. Amar é ser rebelde. É atravessar o escuro. É, no meu caso, mudar o conceito de tudo o que já pensei que pudesse ser amor. Não, antes era paixão. Antes era imaturidade. Antes era uma procura por mim mesmo que não tinha acontecido. Sei que já falei muito sobre amor, acho que é o grande tema da vida da gente. Mas amor não é só poesia e refrão. Amor é reconstrução.É ritmo. Pausas. Desafinos. E desafios. Demorei anos pra concordar com meu querido Cazuza: “eu quero um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida”. Antes, ao ouvir essa música, eu sempre pensava (e não dizia): porra, que tédio! Ah, Cazuza! Ele sempre soube. Paixão é para os fracos. Mas amar - ah, o amor é para os puros e fortes.
Ameeii esse texto amor!!!
ResponderExcluirVc a cada dia se supera mais e mais
nos seus textos e como pessoa tbm, uma profundidade incrível
em cada palavra!
nota 10!
bju!
te amo...
Gostei do texto Everton,
ResponderExcluirMas nem é novidade, vc é cheio de talento mesmo!
Te gosto muito!
xero'